Postado por: Felipe Matos janeiro 31, 2010

Rio de janeiro, 1997. Desde que tinha assumido o Flamengo em agosto daquele ano, o técnico Paulo Autuori gastava parte do seu tempo com conversas reservadas com Sávio. Autuori queria que o jogador assumisse a responsabilidade de chamar o jogo para si. A reação do jogador foi surpreendente para quem sempre havia recusado o papel de dono do time: “Joguei dois anos e meio com o Romário que monopolizava todas as atenções. Agora sei que é a minha vez”, disse Sávio, treze anos atrás.


Considerado pelos torcedores rivais como eterna promessa e cai-cai, o ano anterior, 1996, havia sido um péssimo ano para Sávio: titular absoluto da seleção de Zagallo (artilheiro com 17 gols em 37 partidas) acabou barrado na Olimpíada e perdeu espaço para Ronaldo; o Flamengo foi campeão carioca, mas Sávio virou coadjuvante de Romário; virou “moeda de troca” na Gávea, com as negociações frustradas do time com Bebeto; e, no segundo semestre, o craque se submeteu a uma artroscopia e ficou no estaleiro até o final do ano.



De fato, 1997 foi o ano em que Sávio acordou. Foi o ano em que nasceu seu filho Breno, marcou quase 20% dos gols feitos pelo Flamengo na temporada, teve uma das maiores médias de gol de sua carreira até então, lançou a sua própria grife esportiva, a S Active Way, apesar de ser garoto propaganda da Umbro. O presidente flamenguista Kleber Leite decretava: “Se Denílson custa 27 milhões de dólares, o Sávio vale 100 milhões!”


Tímido e introspectivo, até então Sávio nunca havia aceitado a incumbência de ser o sucessor de Zico na Gávea (aliás, com sua contratação o Avaí já tem dois "sucessores de Zico" no Memorial dos Atletas, Sávio e Adilson Heleno). Para Júnior, ex-craque do Flamengo, Sávio era um jogador que dependia muito do coletivo e se o time ia mal ele acompanhava o resto do grupo, o que explica o fato de Sávio não ter demonstrado tudo o que podia entre 1993 a 1996, no Flamengo, além da própria Seleção Brasileira Pré-Olímpica de 96, um fiasco.

O futebol de Sávio cresceu a partir de 1997 (longe da sombra de Romário) e na posterior transferência para o Real Madrid, onde jogou o fino da bola durante anos. Foi quando Sávio demonstrou sinais de amadurecimento, falando mais com o grupo e puxando gritos de incentivo, um líder carismático e de talento. Mais ou menos o que se espera dele agora, aos 36 anos, no retorno aos gramados brasileiros, com o manto avaiano.

(Revista Placar, dezembro de 1997).

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