O único ponto positivo da partida de ontem é que ela serviu para colocar ainda mais em evidência o principal erro do time do Avaí: o esquema. Não faltou raça, não faltaram chances de gol. Só faltou o gol mesmo. Ah, e claro, faltou um parceiro para o Marquinhos. Então, vamos à análise e argumentação.
Ataque.
William é o melhor atacante do Avaí, com sobras. Rafael Coelho tem o senso de artilheiro, é aquele cara que está no lugar certo, na hora certa, que pode decidir o jogo a qualquer momento. É o melhor ponto do time.
"Meia-cancha", meio-campo e alas.
O setor que é o coração do time não funciona. Temos dois bons volantes, mas que não têm "a manha" de como jogar pra frente, Marcinho Guerreiro (excepcional) e Diogo Orlando (esforçado). Nenhum dos dois sabe chutar a gol, por exemplo. Nas alas, Julinho, com falta de cacoete para a defesa e deficiências para chegar ao ataque e Gustavo, com mais ou menos os mesmos problemas. Marquinhos, sozinho, com seu tipo lento, não aguenta mais ter que ir da defesa ao ataque durante o jogo inteiro sem ter ninguém para jogar com ele. Enfim, o retrato da desorganização.
Zaga
Emerson Nunes, Cássio e Gian são bons zagueiros, para não dizer ótimos. Estiveram muito bem no Clássico. Mas os problemas começam justamente neles. Fica evidente que a culpa não é dos jogadores da zaga.
O principal problema é...
Compactação é o nome do problema. Com tantas características que não encaixam, nosso time simplesmente não consegue chegar ao ataque sem ser na base do chutão pra frente. Mais: como os alas não sabem quando apoiar ou atacar, acabamos tendo uma defesa ainda fraca. O Avaí é um time em que os jogadores estão quase sempre distantes um do outro. Aí não tem condição física que dê jeito. O negócio é fazer o esquema se adaptar ao que temos.
A solução está lá fora.
Não curto muito essa de dizer a um profissional o que ele deve fazer, mas se pudesse dar uma opinião ao Silas, diria para jogarmos num 4-4-2 tendendo para a esquerda, como ilustrado ao lado.
Durante muito tempo o Manchester United, só para citar um exemplo clássico, jogou exatamente nesse esquema, onde um lateral fica preso e outro solto. A Inter de Milão de José Mourinho foi campeã européia jogando nesse esquema, só que invertido, onde a liberdade era do lateral direito.
Adaptada ao Avaí.
Julinho teria a cobertura de Diogo Orlando e Emerson Nunes ficaria como um terceiro zagueiro nas situações de ataque. O ideal mesmo é que o Diogo Orlando fosse canhoto. Também não se pode esperar que ele chegue ao ataque como chegava o Cambiasso na Inter. Aqui, no Avaí, ele ficaria mais preso mesmo.
Marquinhos jogaria na posição em que melhor se encaixa e Estrada finalmente teria uma vaga no time, flutuando em ambos os lados do campo, assim como Marquinhos sendo o maestro da meiuca.
O Avaí manteria o losango do meio de campo a cada subida do Julinho e ainda manteria a estrutura defensiva se jogasse dessa maneira. A tal compactação é muito melhor quando um time joga com o losango no meio. Hoje, pelo que analisamos das qualidades e das dificuldades do elenco, esse é o melhor esquema que o Avaí pode adotar.
Mas vamos aturando as convicções do Silas, que jura que o time vai encaixar quando contratações vierem. Discurso de quem aparenta não saber mais o que tentar com o que tem em mãos.