Poucos clubes têm como símbolo a raça. Até porque é um símbolo inapalpável. Mas, entendido sob o fascínio do azul e branco, transforma qualquer descrente em um possível fanático refém do Avaí.
Se um campeonato é uma guerra, o jogo é "somente" a batalha. E as grandes guerras não começam nas batalhas. As grandes guerras envolvem deslocamento de tropas, planejamento, estratégia, habilidades com as armas, e no futebol, raça. No caso do Avaí, especialmente, raça.
No dia vinte e nove de abril de dois mil e doze,
fanáticos de uma casta da sociedade de privilegiados reféns do Avaí, trajaram azul e branco e rumaram para o Condá, mais de quinhentos quilômetros distante do Templo Sagrado da Ressacada, com o único objetivo de reforçar os guerreiros que entrariam no campo de batalha naquele dia. Eis que neste dia, o Avaí de Hemerson Maria, Emerson Nunes, de seus comandados e dos fanáticos, escreveu mais um capítulo glorioso da raça avaiana.
Nos últimos anos, derrotas na Arena Condá repetidas vezes. Neste ano, nenhuma vitória contra o Índio Guerreiro do Oeste. Na tabela, terminaram na frente. Contra o favoritismo da Chapecoense, raça.
Entrando em campo sem o atacante titular e sem a dupla de volantes titular. Contra os desfalques, raça.
Levar um gol no primeiro tempo e ver novamente a equipe adversária praticar o anti-jogo. Ver a equipe adversária novamente com onze atrás da linha do meio de campo. Parecia impossível. Impossível parecia também virar o jogo tirando os dois atacantes. Contra a retranca da Chapecoense, raça.
Viajar por quase metade de um dia. Mesmo assim, fazer o Condá ouvir o amor que ninguém cala. Contra o número muito maior de bocas a cantar pela Chapecoense, raça.
Raça, conjugação de amor, coragem, loucura e obstinação no vocabulário avaiano.