Postado por: Felipe Matos setembro 22, 2009

A notícia do dia é a de que o presidente da Figueirense Participações, Paulo Prisco Paraíso, encerrou o ciclo no Eterno Time das Letras. Segundo o ex-Secretário da Fazenda de Paulo Afonso na Era dos Precatórios, a empresa não teria condições financeiras de competir com o poderio das parcerias que são firmadas pelos "grandes" brasileiros com empresas bancadas por conglomerados poderosos.

A justificativa furada é que faltou dinheiro, além dos constrangimentos pessoais que vem sofrendo pelas manifestações da torcida do tricolor do Estreito, que adorava comemorar os títulos trazidos por PPP, mas agora o renega.

Isso muda alguma coisa? Nada. O Figueirense de antes da Era das Letras não existe mais e ao menos que sejam muito, mas muito incompetentes (o que não acredito), não virá a ser nunca mais o que era, um time pobre como todos os demais catarinenses, que havia ficado 31 anos (1941 a 1972) sem um título estadual, depois mais 20 anos de jejum (1974 a 1994). Era pobre, mas limpo.

Quanto tempo levará o Figueirense para expurgar todos os pecados da Era das Letras? A meu ver, muitos e muitos anos. Vai-se o paraíso, mas ficam o CT, a estrututura administrativa, o saldo bancário, a remodelação da categoria de base, a Série B (muito mais lucrativa que a Série C que eles não pagarão), os títulos estaduais, os contratos com a RBS, o patrimônio adquirido. Nada será perdido e tudo continuará como antes. O legado das Letras - se não é eterno - será duradouro.

O time teve uma ascensão meteórica, embora muito bem explicada, afinal, a cidade é pequena e todo mundo sabe de todo mundo. Aquele time, que sofria ao lado de Avaí, Criciuma, Hercílio Luz, Próspera, Caçadorense, não existe mais. Se a fonte do Paraíso secou (o que não acredito), a do Figueirense permanecerá dando bons frutos a quem assumir. O curioso é que o período de maior Glória do Figueirense, seja a página mais negra e vergonhosa da história do futebol catarinense.

Curioso ainda é perceber que, se a Justiça não pune, às vezes a bola se encarrega de punir. Foi o que aconteceu com o Vasco da Gama. Ao expurgar o câncer chamado Eurico Miranda, o time precisou cair para a Série B para "se purificar". O Brasiliense, de Luis Estevão, foi fundado em 2000 e com dois anos de existência já chegava a final da Copa do Brasil. Hoje, segura-se para não cair para a Série C.

Não alimento falsas ilusões. Nada mudará no Figueirense. Continuará o Time das Letras, pois as Letras e o que elas trouxeram, continuarão no lado de lá. O Vasco "se purifica" pois antes de Eurico já era grande. Figueirense, para "se purificar", terá que nascer de novo. Nada apagará da história os 61 títulos da Era Paraíso (somados em todos as categorias). A torcida que agora o renega, não abrirá mão desses troféus. A suposta mudança é só a maneira mais cômoda de tudo continuar como esta.

Sairão pela porta da frente, com o bolso cheio de dinheiro limpo. Aqueles que entraram como políticos envolvidos em escândalos de corrupção, que chegaram a ser condenados a devolver aos cofres públicos mais de R$120 milhões (para onde será que foi esse dinheiro?) sairão pela porta da frente, como heróis do período de maior glória do Figueirense, com a colaboração e a conivência de uma imprensa de rabo preso.

Saem do time como mártires injustiçados, mas quem sabe daqui a algum tempo, se não conseguirem o acesso, se os bons resultados não vierem, a torcida, em seu desejo por títulos e atalhos fáceis, não peçam a volta do paraíso, que ele retorne triunfante como o salvador da pátria, nos braços do povo. Tudo muda para permanecer igual.

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