Trechos da reportagem de Murilo Garavello para o Uol Esporte, publicada em
03 de junho de 2004, mas poderia ter sido hoje. Muito do que será dito na reportagem por Mauro Holzmann, diretor de marketing do Atlético-PR, vai ao encontro do que foi dito na reunião entre Avaí e Blogueiros na semana passada:
'Produto' futebol engatinha, mas cartolas espalham ideologia da elitização
Em seminário, marketeiros defendem futebol como um privilégio de faixa endinheirada e consumista do país. Ao mesmo tempo, apontam ineficiência no aproveitamento comercial da modalidade.
"Você tem de voltar o futebol aos 20% mais ricos da população. É antipático, é elitista, mas tenho de trazer para o estádio pessoas que possam gastar dinheiro". A posição de Mauro Holzmann, diretor-executivo do Clube dos 13 (entidade que reúne os maiores times do país) e diretor de marketing do Atlético-PR, não é nova. Mas é tão explícita que choca: o futebol, a paixão nacional, a "alegria do povo", pode tirar de campo as classes sociais que mais cedem "pés-de-obra" e torcedores para os clubes.
Essa frase ditada em uma arquibancada de estádio causaria distúrbios. Mas, na última segunda, simpáticos engravatados na elegante sede da Câmara Americana de Comércio de São Paulo faziam cara de aprovação. Especialidades diferentes, um i
nteresse comum: negócios no esporte -mais especificamente, no futebol. Os participantes -que haviam pago R$ 100 para presenciar as discussões entrecortadas por dois 'coffee breaks' e um almoço-, se acomodaram em suas confortáveis cadeiras e se preparam para ouvir.
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"Faço um paralelo entre futebol e cinema. Antes, o cinema era muito barato. Aos poucos, o nível das pessoas que freqüentavam o cinema começou a baixar muito. As salas começaram a perder público, porque ficou perigoso. O que a indústria fez? Reduziu o número de cinemas, vinculou-os aos shoppings, colocou salas confortáveis, aumentou o entorno. Se o futebol não trouxer de volta as famílias aos estádios, fizer pessoas que podem gastar se interessarem, não vai ter jeito. Você não consegue fazer um estádio para cinco milhões de pessoas".
"O maior desafio do futebol é a mudança de hábito junto ao consumidor. O torcedor sempre ganhou o futebol, sempre foi de graça. O torcedor brasileiro não tem compromisso com sua paixão. Ele berra: 'queremos jogador'. Mas não está disposto a desembolsar nada por isso. Somos acusados de querer tirar o povo do estádio, mas temos de pagar as contas. E quem tem de pagar é quem está usando. A saída é buscar um aumento da arrecadação com a bilheteria, fazer o torcedor pagar pelo que está comprando", disse Holzmann.
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