Postado por: Felipe Matos janeiro 27, 2010

O técnico Péricles Chamusca participou ontem do programa Campo Crítico, da Record. Entre outros assuntos, Chamusca relembrou o início de sua carreira e destacou que fez estágio no Barcelona graças ao seu mestre Evaristo de Macedo. Mas, o que quer dizer um treinador ter como mestre Evaristo de Macedo? Bom, alguma coisa deve dizer.

O "Mestre" de Silas era Telê Santana, mas era também gente como Cilinho, Pepe e Marcelo Lippi. De Cilinho, Silas herdou a característica de ser um cara extremamente perfeccionista, mas que enxergava os resultados fazendo a leitura do jogo. De Pepe, o fato de ter sido um jogador que levou para fora dos gramados a sabedoria e experiência de quem esteve lá e foi grande. Da convivência com Marcelo Lippi, a característica de usar a psicologia a favor do grupo, sem nunca deixar os jogadores considerados titulares se acomodarem e os que estavam de fora em contínuo estado de alerta, sempre trabalhando para conquistar seus espaços.

E o Evaristo de Macedo, o que poderia ter deixado de influência para Chamusca? O irmão do treinador avaiano, o também técnico Marcelo Chamusca, chegou a trabalhar com Evaristo no Bahia. Marcelo era técnico das categorias de base e Evaristo da equipe principal. O relacionamento era o melhor possível, sempre conversando e quando havia a necessidade de que um jogador júnior substituisse um profissional, Evaristo sempre consultava Marcelo.

Uma espiada básica na ficha do ex-treinador não deixa dúvidas. Evaristo foi um grande jogador e um grande técnico. Como atacante, foi destaque no Madureira, no Flamengo e na Seleção Brasileira, além da façanha de se tornar ídolo de dois rivais na Espanha: o Barcelona, clube que defendeu de 1957 a 1962; e do Real Madrid, onde atuou entre 1963 a 1965.

Evaristo começou a sua carreira de técnico no Ameriquinha, em 1967, onde logo foi campeão do Torneio Internacional Negrão de Lima. Treinou vários grandes clubes do país (Fluminense, Vasco da Gama, Bahia, Grêmio, Corinthians, Cruzeiro, Atlético/PR, Vitória...) e chegou a Seleção Brasileira em 1985, pouco antes das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 1986. Acabou substituído justamente por Telê Santana, mestre do antecessor de Chamusca no Avaí, Silas.

Excelente contador de histórias, Evaristo tem uma ótima de quando treinava o Corinthians. Com o clube em crise financeira e o dólar nas alturas, reuniu os jogadores para defender o salário em dólares de Rincon e Gamarra. Após dizer que os estrangeiros tinham razão em exigir seus direitos, pediu que eles saíssem da sala. Diante apenas dos brasileiros, soltou: “Esses gringos são mercenários pra caralho, hein...”

Dentro de campo Evaristo defendia o futebol coletivo, sem excessos de individualidade e acreditava que cada jogador deveria ser aproveitado dentro de suas melhores características, sem invencionices. Na entrevista do Campo Crítico, Chamusca disse que Sávio é atacante e não meia e que Luís Ricardo, apesar de atacante de origem, transformou-se num bom ala.

Quando Evaristo foi técnico da Seleção do Catar, revolucionou o futebol naquele país. Adepto de um estilo técnico, veloz e agressivo, o brasileiro armou uma equipe ofensiva, cujo esquema variava do 4-4-2 para o 4-3-3 e abusava da estratégia do impedimento para compensar a enorme exposição da retaguarda por conta da marcação bem avançada. “Todos os meus times atacam. Não me importo que os adversários marquem gols se nós fizermos mais do que eles”, afirmava Evaristo, ex-atacante.

Ofensividade, coletividade, alternância de esquemas táticos, marcação avançada. Diversão, arte e extrema competitividade convertida em troféus. Será este o destino do Avaí de Chamusca? Evaristo de Macedo, 76 anos, aposentou-se da carreira de técnico em 2007, no Santa Cruz. No currículo, 13 títulos regionais, um campeonato Brasileiro e uma Copa do Brasil, menina dos olhos de Chamusca e delegação avaiana em 2010.

(Foto Chamusca: Reprodução INfoesporte.)

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