Postado por: Fernando Silva maio 26, 2009

Às vezes me pego pensado comigo mesmo: quem é esse tal de Avaí? E por que eu gosto tanto dessa "Entidade"? Fico matutando, procurando algum sentido para um amor que acaba sendo tão importante na minha vida.


Existe algum sentido em gostar de um grupo de jogadores, que em breve não defenderão mais as cores do seu clube, ou encerrarão sua carreira? Não! Certamente não é pelos jogadores que somos avaianos.


Também não seria pela figura do presidente, pois todos também são transitórios.


Algo mais consistente é o estádio. Mas acho difícil alguém dizer que tem paixão para toda vida por toneladas de concreto e ferro. E, até estes um dia se vão... o Adolfo Konder já foi, e planejam que para breve a Ressacada também se vá.


Talvez as cores do clube sejam mais representativas. Mas também não é nada de mais, pois existem outros clubes azuis e não os adoramos desta forma. Existem até agremiações que trocaram de cor sem perder a paixão de seus torcedores.


Só me resta uma alternativa: A TORCIDA. No fundo, gostamos mesmo é uns dos outros. Sentimos orgulho de ver refletida nas arquibancadas da Ressacada a nossa própria imagem, nosso jeito, nossa maneira de ser.


Quem nunca avistou em algum canto da Ressacada um senhor de calças de tergal, sandálias avaianas, boné das Casas da Água ou do Koerich, radinho nas orelhas e uma camisa do Avaí com mais idade que a sua própria e ficou, certamente, com um nó da garganta, lembrando de algum avaiano que já não está mais entre nós, e que foi quem lhe trouxe pelas mãos pela vez primeira ao estádio?


Quem nunca ficou todo bobo em levar um amigo "de fora", ou do interior do estado à Ressacada e ser requisitado para "traduzir" o xingamento proferido ao juiz?

Ou adora frases como "esse Avaí faz coisa". Que demonstram a personalidade mítica e folclórica do nosso clube?

Quem não gosta de saber que o Avaí é o time mais democrático do estado, onde desembargadores, advogados, promotores e empresários, torcem lado à lado com pescadores, comerciários, cobradores e moto-boys?


Existe de fato uma "Avaianidade", algo comum e relativo apenas aos avaianos. E é isto que nos agrada.


Só me entristece um pouco que uma pequena parte de avaianos da "nova geração" achem que estes avaianos, que são a verdadeira cara do Avaí, não tenham mais espaço na Ressacada. Por que? Por que não apóiam o time, dizem eles. Porque assistem o jogo sentados, completam. Torcedor tem que cantar e pular sem parar, continuam, do alto dos seus menos de vinte e poucos anos de idade. Enfim, sentenciam: não são avaianos de verdade.


Eu fico tentando imaginar, tentando personificar, quem é que na verdade eles estão tentando dizer que não são avaianos de verdade?


E lembro de algumas figurar próximas a mim, que assistiam jogo pendurados nos pés de eucalipto ao redor do Adolfo Konder, que foram à inauguração da Ressacada, e que sofreram com o jejum de 13 anos, depois do título do Avaí de Juti.


Hoje, senhores perto dos seus 60 anos. Trabalharam muito, aposentaram-se, mas ainda têm que trabalhar para manter suas casas. Estão gastos, rotos, velhos. Não serve mais para ser avaianos, segundo alguns.

Parafraseando Lupicínio Rodrigues: "esses moços, pobres moços, ah, se soubessem o que eu sei", poderia lhes dizer qualquer um destes verdadeiros avaianos.

Fernando Silva

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