Torcidas derrubam técnicos. Clássicos derrubam técnicos. Dirigentes derrubam técnicos. Jornalistas derrubam técnicos. Técnicos derrubam técnicos. E, jogadores, derrubam técnicos?
Quais poderiam ser os indícios de que há uma batata assando nos bastidores de um clube? A seguir, uma hipotética lista de situações.
- Quedas bruscas de rendimento: Quando um técnico novo chega na praça, todos querem mostrar o seu futebol e o rendimento do time tende a subir. Há no mercado técnicos especializados em salvar times do rebaixamento ou técnicos copeiros, especialistas em competições curtas, pois justamente não há tempo para as relações pessoais começarem a azedar.
No entanto, com o passar do tempo as máscaras vão caindo e jogadores baladeiros vão sendo gradativamente sacados do time por técnicos linha-dura ou ganham um banquinho como castigo. O grupo de baladeiros, que não é pequeno, se une e começa a fazer corpo mole. É o início do fim.
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Reclamações públicas: Quando atletas do clube começam a reclamar muito do técnico pode esperar porque vai ter queda. No São Paulo de Ricardo Gomes, Cicinho
afirmava que estava pronto para o jogo enquanto continuava sendo "poupado" pelo treinador; e Dagoberto disse a emissoras de televisão que o São Paulo tinha que parar de jogar como time pequeno.
Ou seja, o alerta deve ficar ligado quando começam a surgir jogadores - como o lateral-esquerdo, por exemplo - que saem de campo reclamando de substituição, "astros" dando indiretas sobre a sua não escalação e pedidos de mudança de esquema de jogo.
- Contusões misteriosas: Quando comandava o Santos, Emerson Leão acreditava num complô de jogadores para derrubá-lo. O técnico não disfarçava o incômodo com a lesão do lateral-esquerdo Kléber durante um momento delicado que o Santos vivencia.
Quando um dos "astros" do time - do tipo que veste roupa com logotipo de sua grife e promete gols que não poderá cumprir - não consegue fazer a bola entrar e a voz das arquibancadas que antes clamava por ele começa a clamar por contratações na sua posição, esta pode ser a senha para uma dorzinha no calcanhar e sair de fininho, jogando a responsabilidade no colo de outro.
É claro que o fato do atleta ir constantemente para a balada e encher a cara contribui para prolongar o tratamento de contusões reais, unindo o útil ao agradável.
- Invejinhas dentro do grupo: Você é baladeiro com orgulho e adora seus colegas baladeiros. Mas, há no grupo aquele atleta rodado, experiente, que já conquistou tudo o que você nunca irá conquistar no futebol e que não faz parte do seu grupinho de balada.
Ele é mais famoso que você. Ele está se aposentando e não consegue disputar 90 minutos em alto nível contra times de Série A. O seu técnico linha dura gosta mais dele do que de você. Ele tem uma camisa só para ele. Ele tem as costas quente, afinal, foi trazido pelo filho do dono da bola. Em seus pensamentos etílicos, você se questiona: por que passaria a bola para ele?
- Agitações extra-campo: Seu empresário brigou com o clube e seu contrato termina no final do ano? Relaxa que no ano que vem é vida nova em casa nova. Se tiveres presa e a torcida não for lá sua fã, peça para seu empresário te levar para um time promissor, mesmo que seja na Série B, afinal, é melhor ser campeão da Série B do que rebaixado da Série A.
Não se preocupe, a Diretoria do seu atual time achará que está fazendo um grande negócio te liberando gratuitamente e sempre há no elenco uma eterna promessa para substituí-lo. Afinal, foi esta mesma direção que contratou você e o bando de cachaceiro que estava jogando no time titular no seu lugar.
Após ler essas considerações hipotéticas o torcedor de um time qualquer poderia começar a fazer terra arrasada, afinal, se os jogadores não querem, não há técnico campeão do mundo que resolva. O demitido será o técnico, embora a culpa seja do tal "planejamento" que encheu o clube de parasitas. No entanto, caso um dia isso aconteça no nosso Avaí Futebol Clube (toc toc toc), o que os avaianos - verdadeiros ou falsos - poderiam fazer?
Não tenho a menor idéia, mas acho que a parte que cabe ao torcedor é não se esquecer que os contratos dos jogadores sem comprometimento terminam, técnicos caem (embora deixem suas multas rescisórias), parcerias com empresas de futebol se vão, diretores egocêntricos e cabides de emprego passam.
O que fica é o Avaí e seu torcedor, com sua dor ou alegria, extasiado ou humilhado. Diante do imediatismo da situação, fica-se em casa assistindo PPV ou há a opção de tentar fazer ouvir a sua voz, por mais que oficialmente ela tenha sido insistentemente ignorada.
Fico com as palavras do nosso colega de blog, Eduardo: no final, só restará a torcida e nossa camisa azul e branca. O Avaí, acima de qualquer elenco ou direção, é nosso, é da torcida. Não vamos nos omitir. A instituição vai perdurar e a alegria ou a tristeza será apenas nossa.
"Levantemo-nos e evitemos o pior, pois nós somos os únicos que temos algo a perder".
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"Este post é obra de ficção. Qualquer semelhança com a realidade terá sido mera coincidência".
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