Observa a foto ao lado. Este paredão um dia existiu na Felipe Schimidt. Era praticamente um lixão vertical, dizem. Se não fizestes parte da geração que presenciou este paredão, mas gostaria de ter visto a cidade na época, bem vindo ao meu grupo: o de saudosistas de uma época que não viveram.
Ontem, passeando com a namorada por um desses shoppings construídos sobre o pouco do mangue que nos restou em Florianópolis, fiquei procurando alguma outra característica do local que me remetesse ao Avaí, além do Guga - onipresente.
A sensação de an
dar por aquele templo do consumismo é a de ser um estrangeiro, um estrangeiro na sua própria terra. Nada daquele lugar me lembra de estar na Ilha, apesar do nome daquela selva de pedra e vidro, apesar das fotos do Guga por todos os lados, apesar do boneco do Guga, apesar da canoa cheia de conchas (?) num dos bares mais caros de toda a cidade, apesar de não demorar nem 20 minutos para chegar a Cacupé a partir dali.
Da música de Luiz Henrique Rosa, nem vestígio.Já ficava agoniado de passar em frente de vitrines e mais vitrines que em nada me lembravam aquelas singelas das ruas históricas do centro da cidade. Mas foi numa dessas bem moderninhas em que me deparei com algo especial.
"Estacionei" exatamente em frente a uma loja destinada a turistas, com artesanato da região. A loja, aliás, é a
Casa Catarina. Frente aos meus olhos, num lugar destacado da vitrine, um quadro belíssimo: retrato do que um dia foi Florianópolis. Estavam lá, representados de modo bastante caracterísitico, com cores vivas e traços bem definidos, elementos típicos da nossa cultura. Foi simplesmente emocionante começar observando a maricota, a ponte Hercílio Luz, depois e bernuça e, acima dela um jogador vestindo a camisa alviceleste, executando uma bicicleta sob o tremular da nossa bandeira.
Não poderia ter sido contemplado por sentimento de orgulho maior ao observar que qualquer turista que passe por aquele shopping, se procurar por algo da nossa cultura, vai se deparar exatamente com o Avaí. É com imenso prazer que consigo imaginar que se um dia alguém, lá na sua terra natal, lembrar de Floripa pela praça XV, até a imensa figueira o remeterá ao Avaí. Até mesmo nossas maiores personalidades, as nossas fazem questão de dizer que são manés, aliás, foram e são avaianas.
O nosso orgulho em dizer para qualquer um que nós temos um time que representa tudo que somos vai além do público das arquibancadas. O Avaí é muito mais do que aqueles fanáticos que comprometem o orçamento para vê-lo jogar ao vivo, é muito mais do que nossa admiração por Evando ou por Silas, é muito mais do que a figura do Zunino, ou do Guga. Que o mercado pareça dizer o contrário, mas o coração do ilhéu sabe: a mais bela das ilhas do Brasil é Avaí - sempre será. E mente quem disser o contrário.