Postado por: Felipe Matos julho 05, 2010

Na semana que passou duas notícias se espalharam como pólvora nas redes sociais : 1) o caso de estupro de uma menor de idade por três adolescentes, um deles filho de gente importante da mídia gaúcha no Estado; 2) o vídeo-confissão de Valdir Lodetti, vice-presidente da FCF que admite a farsa dos sorteios de árbitros no futebol catarinense.

O que os dois casos têm em comum? A denúncia se disseminou pelos porões da internet, o primeiro por e-mails anônimos, orkut, blogs, etc; e, o segundo, pelo Youtube e por blogs esportivos (vi pela primeira vez no blog de Rodrigo Santos).

Outro fator que une os dois casos é o estranho silêncio da grande mídia. Do estupro da menina, a RIC-Record chegou a fazer uma pequena matéria, vacilante e tímida, como quem se desculpa por estar tocando no assunto. Parece que neste final de semana saiu alguma coisa na Record nacional, mas não vi a matéria.

Da confissão de Lodetti, capaz de derrubar a Diretoria caso se respeitasse o Estatuto do Torcedor, nenhuma linha, seja nos veículos da RBS ou da Record, TVBV, SBT e demais mídias. Nenhuma linha nos sites esportivos de maior alcance, nenhuma linha nos sites dos times (supostamente os maiores lesados, além de nós, torcedores), nenhuma linha da Associação de Clubes (atualmente presidida por Zunino).

A única que se manifestou foi a própria FCF, que deu uma de Renè Magritte e disse que o que aparece no vídeo não é o que aparece no vídeo, como se vivêssemos num mundo alucinógeno, onde o que vemos e ouvimos não existe e o que lemos e assistimos na imprensa talvez não deva ser tão levado à sério.

Esta semana o jornalista César Valente escreveu um belo texto que fala sobre o papel das redes alternativas de informação em seu blog, De Olho na Capital, onde fala tudo o que eu gostaria de dizer aqui, só que com muito mais propriedade.

Entre outras coisas, os dois casos demonstram que apesar de todos os problemas suscitados no interior das redes sociais (sensacionalismos, rancores, xenofobia, fofocas, mentiras, imprecisões, recalques...) parece inegável que, sem a avalanche de tuíters, blogs, e-mails, tópicos no Orkut e similares, a Imprensa local, em especial as duas redes comerciais de comunicação que dominam o mercado, não se sentiriam pressionadas a falar sobre o caso. E, talvez, nem a autoridade policial se sentisse no dever de dar alguma satisfação no caso do estupro, ou a Federação no caso da farsa dos sorteios.

Como bem percebeu César Valente, os casos ajudam a consolidar a impressão de que não se consegue mais manter em segredo, por muito tempo, fatos relevantes. E que se a mídia não faz o seu serviço, as redes sociais aparecem como uma espécie de Charles Bronson a executar criminosos de madrugada na velha Nova York.

Sem querer superestimar sua importância, as redes sociais, mesmo que às vezes de modo inconseqüente, parecem ter o poder de dizer: o Rei está nu! A Imprensa está nua! Os jornalistas estão nus! A FCF está nua! A Associação de Clubes está nua! Avaí e Figueirense estão nus, apesar de insistirem em ainda achar que não...

Como diria o amigo Marcelo Herondino, queria tanto meu futebol inocente de volta...

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