Segundo os especialistas em aeronáutica, um acidente aéreo nunca acontece por um único motivo. Uma falha mecânica, um erro humano ou uma condição climática desfavorável, sozinhos, dificilmente provocarão a queda de uma aeronave. Não fosse assim, dizem eles, teríamos acidentes terríveis todos os dias. Felizmente, não é o que acontece. O problema está no conjunto, isto é, quando vários incidentes desses ocorrem ao mesmo tempo. Nesse caso, pouco se pode fazer para evitar a tragédia.
Mas esse é um blog sobre futebol e, mais especificamente sobre o Avaí. Então, onde quero chegar com essa conversa? Quero comparar – mal comparando – o rebaixamento de um time (notem que não me refiro ao rebaixamento do CLUBE) com um acidente aéreo. A diferença é que, no futebol, já se sabe de antemão quantos serão os “acidentados” do ano. Na Série A, para trazer à nossa realidade, nada menos que 20% dos participantes serão rebaixados a cada final de temporada. Sempre. E o mundo não acaba por causa disso.
Costumo dizer – e já escrevi sobre isso – que um rebaixamento não acontece por acaso. Há uma espécie de “cartilha” que parece ser seguida à risca por aqueles que ocupam as posições mais rasteiras da tabela de classificação. Essa “cartilha” seria, então, o conjunto de incidentes que provoca o grande “acidente” final – o rebaixamento. Contratações – e dispensas - equivocadas e às pencas, jogadores descendo do avião num dia e entrando no time titular no outro, comissões técnicas sendo trocadas a toda hora, declarações intempestivas, pré-temporada inexistente ou mal-feita, afastamento do torcedor, brigas com a imprensa, rachas no grupo de atletas... claro, existem outros que pesam no conjunto, mas penso ter citado os principais. Cabe a você, torcedor inteligente que é, verificar se o seu time está seguindo essa cartilha. Se estiver, como é o caso do Avaí, o rebaixamento é o inevitável fim da linha.
Pra concluir o raciocínio, mesmo porque o artigo já está ficando muito longo para os padrões do blog, quero afirmar que é besteira, pura e simples, achar um motivo único para a situação vivida pelo time. Zunino errou? Sim, muito. Mas repetiu ações que deram certo em outros tempos, não repetiu? Miguel Livramento tumultua o ambiente? Sim, muito. Mas o faz desde que o ser humano anda pra frente e nem isso evitou momentos de glória nos últimos anos. Então, meus amigos, vamos fugir do lugar-comum de achar um bode expiatório, combinado? Vamos juntar os cacos, analisar TODOS os incidentes e corrigi-los. Sem essa falácia de achar um único culpado e demonizá-lo à exaustão. O Avaí é muito maior que tudo isso.
Vamos, queridos blogueiros avaianos, focar no clube e não em acusar outros blogueiros. Vamos propor soluções, vamos sugerir mudanças, vamos tornar o Avaí ainda maior.
E um último pedido: só não culpem o torcedor pela situação do time, certo? Parece loucura, mas já surgem vozes dizendo que a posição na tabela é reflexo de uma torcida fria, corneteira e insensível. Cada um que assuma seus erros e procure corrigi-los, mas culpar o torcedor é, mais que burrice, covardia da grossa. E isso não vamos aceitar.
Ah, em tempo: Sei que o Avaí não caiu ainda. Mas, sinceramente, não acredito mais em reação nesse ano. E, por favor, não venham com o velho chavão de que “torcedor tem que acreditar o tempo todo”, “é torcedor de pijama”, “fica em casa no PPV então” e coisas do gênero. Torcedor tem que TORCER e isso eu vou fazer até o último jogo. Torcedor é apaixonado, é cego. Acreditar é uma outra história.