Postado por: Rafael VE julho 30, 2009

Que o Clube Atlético Paranaense é reconhecido no Brasil inteiro como aquele mais próximo do modelo europeu, todos já sabemos. Que metade do estádio deles é a parte mais moderna do que há em arenas de futebol no Brasil inteiro, todos já sabemos. Que o CAP é, de longe, o paranaense mais parecido com o nosso co-irmão do Estreito em termos de arrogância, isso talvez nem todos saibam.


Sábado, a torcida avaiana lotou seu espaço na Arena da Baixada: segundo a moça da bilheteria, 2600 ingressos vendidos, 1200 segundo o borderô, e quase meia centena de fanáticos ainda ficaram de fora. Definitivamente, uma onda azul.

Toda a modernidade e ar "europeu" do local não impediram que esse número expressivo de avaianos tenha passado por maus bocados em Curitiba. Algumas das atitudes tomadas pela diretoria do Atlético Paranaense foram vergonhosas para um clube que quer ter o tamanho que diz ter. Deixarei aqui o meu relato, até um tanto suave perto de outros que ouvi/li. Vamos a ele:

- bilheterias: assim que chegamos a Curitiba, o primeiro desafio: estacionar. Após procurar um pouco, achamos um. O responsável logo avisou de que aquele não era um lugar seguro, somente pelo fato de sermos avaianos. Recomendou-nos estacionar mais próximos ao nosso setor. Após achar uma vaga na casa de uma senhora, fomos até o setor visitante e... cadê a bilheteria? Fomos informados do absurdo: para comprar o ingresso, era só passar em frente à sede da maior organizada deles e adquirir o bilhete no mesmo lugar em que eles. Tudo igual à Ressacada, caso não fosse o clima de hostilidade - e o fato de um comprovante de matrícula da UFSC (entidade federal) não valer naquela bilheteria, isso é contra a lei, não?

- entrada no estádio: certo, passamos pelo problema de comprar os ingressos. Agora "só" precisávamos entrar. "Só", assim entre aspas mesmo, porque não foi fácil. Primeiro queriam deixar somente uma pessoa de cada vez - detalhe: definiram a entrada justamente em frente a uma poça d'água enorme- , para logo depois haver 5 seguranças fazendo a revista e mais 4 catracas. Pergunto: havia necessidade uma pessoa entrar de cada vez, por cima da poça ainda? Quem dera esse fosse o único problema na entrada.

- abuso de autoridade: tal qual a PM catarinense ao proibir o torcedor avaiano de gozar dentro da Ressacada o time alviouronegroesverdeado com artigos rosas ou qualquer referência do tipo, o Clube Atlético Paraense abusou ao definir o que entra ou não no estádio. Faixa de organizada? Proibido. Instrumentos musicais? Proibido. Bandeira do Avaí? Proibido. Bombom? Proibido também! Ficava pensando: será que só assim a torcida deles consegue se destacar frente a outras? Estava errado: os avaianos conseguiram calar a baixada em determinados momntos- e só na voz.

- setor destinado à torcida visitante: como já foi dito, a Arena da Baixada é o que há de mais moderno em arenas de futebol no Brasil. Mas só pela metade: é um "meio-estádio". A torcida visitante é colocada justamente na parcela em que a modernidade ainda não chegou: sem cobertura, nosso teto era o céu mesmo. Tudo bem, eles não conhecem os avaianos, já acostumados à chuva.

- segurança: a sensação de falta de segurança foi constante. Policiais? Pouquíssimos. Somente na saída é que o Rodam apareceu com algumas unidades. Se algum caso de violência aconteceu, não sei. Mas a probabilidade não era pequena, com tamanho despreparo para nos receber.

Disso tudo, o que se pode tirar de bom da experiência em Curitiba?

É simples. Especialmente em 2009, nós avaianos temos dado um exemplo poucas vezes visto no futebol: o tratamento cordial com todas as torcidas. Na final do Catarinense, torcedores do Avaí e da Chapecoense juntos num churrasco, na música, na festa. No Brasileirão, a mesma coisa: isso você pode notar na imagem ao lado, oportunamente feita pelo Esteves Junior.

Não há algo que possa mudar nossa identidade de simpatia, pois nós somos Florianópolis, Santa Catarina. Somos sim, chatos pelo nosso time - mas não tiraremos o direito de o seres pelo teu também.

Tudo isso me fez pensar ainda mais na Simbiose que nos acomete, e em como o verdadeiro clube do futuro é o Avaí - não aquele rascunho de Europa visto na semana passada.

Mas isso é assunto para outros posts, só quis relatar a viagem à Curitiba justamente hoje pois temos jogo, mais um dia para afirmar toda nossa soberana avaianidade que segue surpreendendo o Brasil.

Que a Ressacada pegue fogo. Pela paz, pelo esporte.





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