Postado por: Felipe Matos agosto 14, 2009

Belo post de Cosme Rímoli sobre a situação entre o jogador Richarlyson e a torcida do São Paulo, que nos faz pensar sobre as crueldades das brincadeiras, do futebol, do preconceito e da vida.

O time voltou a ganhar. O treinador tendo o reconhecimento da torcida, da imprensa. Acabou a vontade de um vice presidente trocar de técnico. Optar por um polido, que falasse francês com fluência. Não há mais briga entre os jogadores. Ciúmes de quem é o titular do ataque. Rogério Ceni pronto para voltar na primeira partida do returno. Paz e prosperidade no São Paulo? Não é bem assim.
Ainda existe um jogador que é rejeitado pela torcida. Os são-paulinos ainda não podem ouvir o seu nome. Richarlyson. Ele não é cantado pelos torcedores antes das partidas. A escalação inteira da equipe merece palmas. Menos ele. A torcida faz de tudo para fingir que ele não existe. Até comemora os gols. Não quem fez.
O constrangimento não passa. Richarlyson merece respeito. É um dos jogadores que mais se dedica ao clube. Treina sozinho, em academias nas férias. Chega no horário. Nunca brigou, questionou treinador. Muricy o tirou da posição de volante, onde foi o melhor do Brasil em 2007, e o transformou em um fraco ala esquerda. Mesmo assim, ele não abriu a boca para reclamar, questionar. Ele se mostra cada vez mais útil ao esquema de Ricardo Gomes. Seu futebol voltou a crescer. Virou uma peça importante no time. Mesmo assim, não há respeito dos são paulinos por ele.
Ninguém no clube tem coragem de comprar a briga publicamente. Todos agem como se nada estivesse acontecendo. Ninguém pergunta sobre o tema. E a vida segue. A relação entre Richarlyson e os torcedores do São Paulo é pura crueldade. É uma das maiores vitórias da hipocrisia do futebol brasileiro...
Que o futebol consegue ser hipócrita, todos sabem. São escândalos de lavagem de dinheiro, políticos corruptos que reaparecem como presidentes e heróis da pátria, dirigentes que ajeitam resultados com a comissão de arbitragem, tráfico de influências, um sem número de falcatruas e corrupção.

No caso de Richarlyson, só tenho isso a discordar de Cosme Rímoli: não é uma vitória da hipocrisa do futebol brasileiro, mas uma vitória da hipocrisa humana, acima do futebol, embora o futebol - espaço masculino por excelência - seja um catalisador de sentimentos arraigados, como a crueldade.

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